A batalha mais difícil de ser travada
ocorre no teu mundo íntimo. 
Ninguém a vê, a aplaude ou a censura. 
É tua. Vitória, ou derrota, pertencerá a ti em
silêncio. 
Nenhuma ajuda exterior poderá contribuir para o
teu sucesso, ou conjuntura alguma te levará ao fracasso. 
*
Os inimigos e os amigos residem na tua casa
interior e tu os conheces. 
Acompanham-te, desde há muito estás
familiarizado com eles, mesmo quando te obstinas por ignorá-los. 
Eles te induzem a glórias e a quedas, aos atos
heróicos e às fugas espetaculares, erguendo-te às estrelas ou atrelando-te ao
carro das ilusões. 
*
São conduzidos, respectivamente, pelo teu Ego e
pelo teu Eu. 
O primeiro comanda as paixões dissolventes,
gerando o reinado do egoísmo cego e pretensioso que alucina e envilece. 
É herança do primarismo animal, a ser
direcionado, pois que é o maior adversário do Eu. 
Este é a tua individualidade cósmica, legatária
do amor de Deus que te impele para as emoções do amor e da libertação. 
Sol interno, é chama na fumaça do Ego,
aguardando o momento de a dissipar, a fim de brilhar em plenitude. 

O Ego combate e tenta asfixiar o Eu. 
   O Eu é o excelente libertador do
Ego. 

Sob disfarces, que são as suas estratégias de
beligerância criminosa, o Ego mente, calunia, estimula a sensualidade, fomenta
a ganância, gera o ódio, a inveja, trabalha pela insensatez. 
Desnudado, o Eu ama, desculpa, renuncia,
humilha-se e serve sem cessar. 
Jamais barganha ou dissimula os seus propósitos
superiores. 

  O Ego ameaça a paz e se atulha com as
coisas vãs, na busca instável da dominação injusta. 
O Eu fomenta a harmonia e despoja-se dos haveres
por saber que é senhor de si mesmo e não possuidor dos adornos destituídos de
valor real. 

César cultivava o Ego e marchou para a sepultura
sob as honrarias que ficaram à sua borda, prosseguindo a sós conforme
vivia. 
Jesus desdobrou o Eu divino com que  
 cruz, despojado de tudo, prosseguiu, de braços abertos, afagando todos
que ainda O buscam. 

O Ego humano deve ceder o seu lugar ao Eu cósmico,
fonte inesgotável de amor e de paz. 
Não cesses de lutar nem temas a refrega. 
 
Joanna de Ângelis
Livro Momentos de Meditação
Psicografia de Divaldo P. Franco