O MAL E O
REMÉDIO

           Nova
mensagem de Santo Agostinho, na qual ele conclama o homem a ver a realidade
do Espírito sujeito à reencarnações na Terra, mundo de expiações e de provas.
           Usa,
ele, de frases contundentes e realistas, a fim de relembrar aos homens sua
condição de imperfeição e rebeldia, que os impele a viver em um mundo, onde a
dor, o sofrimento, dificuldades e obstáculos são o remédio para os seus
males.
           Não
devemos, nem podemos, querer passar uma existência na Terra em alegrias
constantes, visto que, se assim fora, nós permaneceríamos estacionados nos
prazeres e valores materiais, sem conhecer a felicidade que nos espera e da
qual já usufruímos em determinadas situações e com determinadas pessoas.
           Essa
ânsia de felicidade, que todos temos dentro de nós, reflete a certeza do
nosso destino.
           Se
nos vemos presos a um mundo inferior, sujeitos a vicissitudes e dores, e se
aceitamos Deus, como Fonte de Amor, Justiça e Misericórdia, só podemos
deduzir que temos o que precisamos para atingir nosso destino de perfeição e
de felicidade. 

           Santo
Agostinho, que viveu na Terra envolto nos prazeres materiais, transformando
sua vida, quando percebeu que havia prazeres e objetivos mais condizentes à
sua situação de filho de Deus, bem sabe das lutas internas de quem se dispõe
a desenvolver seu potencial divino que traz em si. 
Por isso, usa de frases severas, claras e realistas para estimular em nós, a
aceitação da nossa imperfeição e a da Terra.

           Ele assim o
faz porque, somente partindo dessa realidade, podemos nos esforçar para
compreender a bênção das vicissitudes que o viver na Terra proporciona.

           Precisamos,
pois, entender as leis naturais, que nos levam a compreender e a aceitar as
vicissitudes terrenas como necessárias a Espíritos rebeldes à lei do amor.

           Em assim
fazendo, seremos capazes de agradecer a Deus todas essas tribulações, que nos
ferem, mas que nos levam a idéias e vivências mais dignas de filhos de Deus.

           Conclama-nos
Santo Agostinho a reconhecermos Deus, no Seu amor e sabedoria, não só nos
momentos do riso, mas também, nos momentos do choro. A pensarmos na vida
eterna, no seu significado, o que nos dá a dimensão exata dessas
vicissitudes: frações diminutas de tempo, diante da eternidade e frações
diminutas de sofrimentos diante da felicidade plena a ser conseguida.
           Por
isso ele escreve: ” Até quando vossos olhos só alcançarão os horizontes marcados
pela morte? Quando, enfim, vossa alma quererá lançar-se além dos limites do
túmulo? Mas, ainda que tivésseis de sofrer uma vida inteira, que seria isso
ao lado da eternidade de glória reservada àquele que houver suportado a prova
com fé, amor e resignação? Procurai, pois, a consolação para os vossos males
no futuro que Deus vos prepara, e vós, os que mais sofreis, julgai-vos-eis os
bem-aventurados na Terra.”

           Seremos,
pois, bem-aventurados, já na Terra, se soubermos bem sofrer as aflições desse
viver, porque o choro não será de revolta, de desespero, de desânimo, mas de
alegria pela liberação das impurezas perispirituais e espirituais que
provocarão. Então, seremos capazes de dizer: – ” Obrigado, meu Deus, por
me julgardes digno de libertar-me, agora, de algumas das minhas mazelas, que
eu mesmo criei , na infringência de Vossas sábias leis.”

           E
continua Santo Agostinho, com severidade amorosa, lembrando que quando o
Espírito estava no plano espiritual, antes da reencarnação, escolhera sua
prova, julgando-se capaz de vencê-la. Por que, pois, reclamar no momento de
realizá-la?
           Cita
ele os que pediram fortuna e glória , para lutar contra a tentação de usá-los
para seu próprio prazer e os que pediram males físicos e morais para lutar
com todas as suas forças; sabiam, quando pediram ou aceitaram, que, quanto
mais lutassem contra as tentações internas, mais possibilidades teriam de
sair vitoriosos, e que a morte poderia deixar sair “uma alma esplendente
de alvura, purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento.”
           Existe
um remédio infalível para aliviar os que sofrem?

           Diz Santo
Agostinho: ” Um só é infalível: a fé, voltar os olhos para o céu. Se no auge
de vossos mais cruéis sofrimentos, cantardes em louvor ao Senhor, o anjo de
vossa guarda vos mostrará o símbolo da salvação e o lugar que devereis ocupar
um dia. A fé é o remédio certo para o sofrimento. Ela aponta sempre os horizontes
do infinito, ante os quais se esvaem os poucos dias de sombras do
presente.” ” …Lembrai-vos de que aquele que crê se fortalece com
o remédio da fé, e aquele que duvida, um segundo, da sua eficácia é punido,
na mesma hora, porque sente, imediatamente, as angústias pungentes da
aflição.”

           O
espiritismo, proporcionando a fé raciocinada, a que se desenvolve pela
compreensão e entendimento das leis naturais ou divinas, facilita – e muito!
– o desenvolvimento dessa fé, não só aceita pelo sentimento e pelo amor, mas,
também pela razão. Essa fé é inquebrantável, mesmo frente aos maiores
sofrimentos, aos piores reveses.

Leda de
Almeida Rezende Ebner
Fevereiro / 2005
– QUE NOS
DÊ FORÇA, CORAGEM E RESIGNAÇÃO NESTA CAMINHADA!
O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO

ALLAN KARDEC
CAPÍTULO V : BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
ITEM 19 : O MAL E O REMÉDIO